22 dezembro, 2009

A música mais singela de todas, do Fleetwood Mac, por J.F.:

Songbird

For you, there'll be no more crying,
For you, the sun will be shining,
And I feel that when I'm with you,
It's alright, I know it's right

To you, I'll give the world
to you, I'll never be cold
'Cause I feel that when I'm with you,
It's alright, I know it's right.

And the songbirds are singing,
Like they know the score,
And I love you, I love you, I love you,
Like never before.

And I wish you all the love in the world,
But most of all, I wish it from myself.

And the songbirds keep singing,
Like they know the score,
And I love you, I love you, I love you,
Like never before, like never before

07 outubro, 2009

Velhinho nazista e uma lição de jornalismo

Para mim, pelo menos.

O encontro com o velhinho nazista que ousou rir de minha (futura?) profissão foi um anúncio. Depois dos 30 minutos de nossa conversa forçada no ponto de ônibus, consegui a paz daqueles que só querem ficar no seu banco lendo um livro sem ouvir frases preconceituosas ou debochadas. E, com os fones de ouvido em seus locais de destino, abri o livro que ora leio na página 82.

O livro em questão chama-se O olho da rua - uma reportagem em busca da literatura da vida real, da jornalista Eliane Brum. A obra traz 10 histórias da vida real contadas por Eliane, repórter especial da Revista Época, numa mistura fascinante entre jornalismo e literatura. A página 82 é o início de "A casa de velhos".

Eliane interna-se em um dos asilos mais tradicionais do Rio de Janeiro e lá convive com vários velhos e velhas - como ela mesma prefere chamá-los - , descobrindo os anseios, medos, delírios, esperanças, conformismos de pesssoas que, um dia, viram "a vida inteira espremida numa mala de mão".

Preciso lhes contar que tenho uma espécie de atração por velhinhos (um pouco menos pelos nazistas que me chamam de filhinha de papai). Simplesmente considero-os sinônimo de sabedoria, dessa que você não encontra na página de livro algum, dessa que se vive e que fica tatuada na pele, gravada em algum lugar da mente. Admiro-os, olho-os com respeito e fico bem brava se vejo alguém maltratando-os (não, não perdi a paciência com meu velhinho nazista que lutou na Segunda Guerra e jura ter andado de submarino). Se um senhor ou senhora de cabelos branquinhos e óculos de grau se coloca a contar uma história, eu paro para escutá-la. Mesmo que não esteja contando seu "causo" para mim.

E foi a minha admiração pelos velhinhos que me tocou na reportagem de Eliane. Não queria soar piegas e fiquei cinco minutos pensando em outra palavra para "tocou", mas não encontrei outra que melhor descreva o que senti. Há muito, muito tempo que não lia nada tão bonito, tão humano no jornalismo. O meu sorriso e as poucas lágrimas que derrubei em público não foram causadas pelas histórias de quem muito viveu e espera, cada um ao seu modo, pela morte. Não. Minhas emoções foram causadas porque vi e li algo que não via e lia há muito tempo dentro do universo jornalístico: alguém que sabe sentir e dizer o que sente.

Faça uma experiência. Pegue um jornal ou uma revista atual e se disponha a ler as inúmeras matérias, notas, etc, etc. É tudo sempre tão igual, tudo com a mesma cara. Um padrão que irrita, não importa o quaõ inusitada seja a notícia. E então leia "A casa de velhos". E entenda que, sim, é possível ter um olhar mais humano nas situações do dia a dia e é possível retratá-las com um pouco mais de sensibilidade. Afinal, nós, jornalistas, retratamos com palavra o mundo a nossa volta e ele, meus caros, é humano.

Não me iludo. Muitos de nós, a maioria mesmo, será escravizado pelas redações e agências da vida. É assim que funciona e não há perspectivas de mudança. O importante é não perder a capacidade de olhar o mundo com os olhos de quem o sente. E retratá-lo assim no seu jornal, revista, em sua página na Internet, para seu vizinho, pais, filhos, cachorros. A lista de leitores é imensa e sempre haverá um para você. (Na pior das hipóteses, mire-se no espelho).

O importante é não perder o encanto. E ter algo do que se orgulhar quando se encontrar com "a vida inteira espremida numa mala de mão".

28 setembro, 2009

Dog days are over

Para dar esperança...

(ouça aqui)

Dog days are over

Happiness hit her like a train on a track
Coming towards her stuck still no turning back
She hid around corners and she hid under beds
She killed it with kisses and from it she fled
With every bubble she sank with her drink
And washed it away down the kitchen sink

The dog days are over
The dog days are done
The horses are coming
So you better run

Run fast for your mother, run fast for your father
Run for your children, for your sisters and brothers
Leave all your loving, your loving behind
You cant carry it with you if you want to survive

The dog days are over
The dog days are done
Can you hear the horses?
'Cause here they come

And i never wanted anything from you
Except everything you had and what was left after that too, oh
Happiness hit her like a bullet in the head
Struck from a great height by someone who should know better than that

The dog days are over
The dog days are done
Can you hear the horses?
'Cause here they come

Run fast for your mother, run fast for your father
Run for your children, for your sisters and brothers
Leave all your loving, your loving behind
You cant carry it with you if you want to survive

The dog days are over
The dog days are done
Can you hear the horses?
'Cause here they come

The dog days are over
The dog days are done
The horses are coming
So you better run

24 setembro, 2009

Saudades de passar por aqui, pensar, refletir, escrever, enfim, permitir-me transbordar a mim mesma.

Tenha várias ideias em minha mente, textos prontos, histórias, tanta coisa que gostaria de partilhar. Como sabiamente escreveu Susan Sontag, o romance está preso em nossa mente, é uma questão de libertá-lo (não, não tenho pretensão alguma de escrever um romance).

Hoje passo por aqui para deixar o vídeo de uma música linda, Metal Heart, da Cat Power.




Metal Heart

Losing the star without a sky
Losing the reasons why
You're losing the calling that you've been faking
And i'm not kidding

It's damned if you don't and it's damned if you do
Be true 'cause they'll lock you up in a sad sad zoo
Oh hidy hidy hidy what cha tryin to prove
By hidy hidy hiding you're not worth a thing

Sew your fortunes on a string
And hold them up to light
Blue smoke will take
A very violent flight
And you will be changed
And everything
And you will be in a very sad sad zoo.

I once was lost but now i'm found was blind
But now I see you
How selfish of you to believe in the meaning of all the bad dreaming

Metal heart you're not hiding
Metal heart you're not worth a thing

Metal heart you're not hiding
Metal heart you're not worth a thing

01 agosto, 2009

Pela data do post abaixo é possível perceber o quanto meus dias estão corridos. Muito, muito, muito trabalho; além, claro, das últimas aulas da faculdade (yey!).

Só consegui sobreviver a esses dias malucos com algumas distrações, as quais quero compatilhar com quem possa estar lendo este texto. Vamos lá:

A menina que roubava livros


Fato: 9 em cada 10 best sellers são um lixo. Exemplos: livros do Paulo Coelho. Nos últimos meses, a exceção ficou com o A menina que roubava livros, do escritor Markus Zusak. A obra conta a história (narrada pela Morte) de uma menina, Liesel Meminger, e de sua difícil vida na Alemanha da Segunda Guerra Mundial. Honestamente, o mérito de A menina que roubava livros não é a forma que a história foi narrada - muitas vezes em versos, com destaque para frases de efeito e considerações importantes da Morte. Também não é a série de ilustrações dos cadernos de Max, amigo judeu da família adotiva de Liesel. O mérito é a própria história, simples e fortalecida pela ótima caracterização dos personagens. E é preciso dizer que o mais cativante deles não é a protagonista, mas seu melhor amigo, Rudy Steiner. Este sim é a figura apaixonante do livro. Um dos personagens mais marcantes dos últimos tempos (exagero?).

A menina que roubava livros me surpreendeu, me levou às lágrimas. Recomendo.

The Empyrean



Simplesmente estou viciada nesse cd do John Frusciante. Toda semana, tenho uma música favorita desse disco.

Melody Gardot - My one and only thrill



Outro disco muito bom. A voz de Melody Gardot é suave, muito agradável. E as músicas também são muito bonitas. Quem gosta de Norah Jones precisa ouvir esse disco.

Espadachins voadores com roupas bonitas


Eu adoro artes marciais e adoro mais ainda filmes e programas de artes marciais. E se os lutadores voam e usam roupas bonitas, conquistam meu coração. Tipo O tigre e o dragão, Herói...

Ontem eu vi um filme do Bruce Lee, Jogo da morte (eu acho que é esse o nome). A história era bem mais ou menos, os atores eram bem ruins. Mas isso não é problema quando se pode ver um monte de lutas, muitas lutas. E, gente, como esse Bruce Lee era rápido, não? Um mestre. E eu nunca havia reparado em como ele era bonitão.

07 maio, 2009

Calvin & Haroldo

29 abril, 2009

Leite Derramado

Ah, o Chico Buarque... grande compositor, nem tão grande cantor, grande jogador de futebol e grande escritor. Sim! E para quem duvidava da capacidade literária de Chico Buarque, eis que chega às livrarias Leite Derramado, novo romance músico/escritor.


A foto é minha e está no meu Flickr

Leite Derramado traz a história de Eulálio, um centenário cheio de lembranças, narrada pelo próprio Eulálio em um leito de hospital. A trajetória do protagonista serve de base para a crítica à pretensa e decadente sociedade burguesa carioca.

O mote do livro é bastante clichê. Porém, o mérito de Leite Derramado está em sua forma. Chico Buarque abusa, com muito requinte linguístico e poético, da não linearidade dos fatos. Eulálio vai contando, tal qual aqueles velhinhos solitários que encontramos nos bancos de praças por aí, os mesmos eventos várias vezes, transformando-os em diferentes histórias. E, para entender a real força da obra, é preciso, acima de tudo, mergulhar na alma do personagem central. Aí sim tudo faz sentido.

Leite Derramado, um baita livro! Sinto agradáveis aromas de prêmios no ar (até porque quem não agrada Chico Buarque é mal visto e apedrejado em público).

13 abril, 2009


(...)
"Talvez em meu rosto estivesse escrita a magia,
talvez eu mesmo fosse a meta de minha busca".


(a escrita do deus, jorge luis borges)

07 abril, 2009

The Empyrean

Faz um tempo que ensaio um post sobre o novo CD do John Frusciante, o The Empyrean. Já defini mentalmente várias e várias frases, mas não anotei nenhuma e esqueci todas. E agora estou aqui ouvindo o tal álbum e sentindo como é bonito.



Mas nem sempre tive a mesma opinião sobre esse disco. A primeira vez que o ouvi achei triste demais, monótono até. Sem contar que depois da quarta música, meu mp3 estragou para sempre. Mas aí ganhei outro e resolvi encarar o Frusciante. E ouvi mais uma e mais outra e uma outra vez ainda. E dessa última, houve a entrega. Cheguei à conclusão de que só respeita o Frusciante quem se entrega as suas músicas. E com entrega quero dizer ouvir o disco verdadeiramente, prestar atenção em cada verso, em cada linha melódica. Aí, e só aí mesmo, todas as músicas ganham sentido.

The Empyrean é um disco sombrio. Não mais que os dois primeiros da carreira solo de Frusciante (o Niandra Lades... e o Smile...). Ele até havia publicado em seu blog um poema que definia o álbum, mas agora a página foi desativada. Se bem me lembro, as palavras eram: morte, escuro, luz, sombra, redenção, vida, Deus. Talvez não nessa ordem. E é bem por esse caminho pelo qual segue o álbum. Para gostar, é preciso deixar todo o ceticismo de lado e colocar em prática seu lado espiritual independente de religiões.

Na média, as músicas são boas, uma mais e outras menos. Destacam-se, com toda certeza, Central, na qual Frusciante nos lembra que é um dos melhores guitarristas de sua geração, e One More of Me, que muito lembra as canções loucas de Tom Waits.

É isso, gostaria de ter compartilhado minhas impressões com quem possa interessar. Desculpem o texto mal escrito, mas estou com pressa. E, melhor do que meu texto é o do John:

"The Empyrean is a story that has no action in the physical world. It all takes place in one persons mind throughout his life. The only other character is someone who does not live in the physical world but is inside it, in the sense that he exists in peoples minds. The mind is the only place that anything can be truly said to exist. The outside world is only known to us as it appears within us by the testament of our senses. The imagination is the most real world that we know because we each know it first hand. Seeing our ideas take form is like being able to see the sun come into being. We have no equivelent to the purity of that in our account of the outside world. The outer world appears to each of us as one thing and it is always also a multitude of others. Inside to outside and outside to inside are neverending. Trying and giving up are a form of breathing".

- John

23 março, 2009

Óbvio e necessário

Quando subiram os créditos de Gran Torino, eu estava emocionadíssima. Emocionada assim de não conseguir falar direito, de soluçar. E foi nas escadas rolantes do shopping que ouvi do Yuri:

- É um ótimo filme, mas o roteiro é muito óbvio.

E é verdade mesmo. O roteiro de Gran Torino é muito óbvio. Fato. Contudo, nem de longe é um filme ruim. Pelo contrário. Trata-se de um longa belíssimo, como só o Clint Eastwood sabe dirigir. Mas fiquei com a declaração sincera do Yuri na cabeça (sempre levo a sério as coisas que o Yuri diz, ele é muito inteligente). E, sabe Deus se por falta de coisa melhor para pensar, pensei nisso o fim de semana todo.


Get off my lawn! Grrrrr

E cheguei a conclusão de que, aos quase 80 anos de idade e 53 de carreira, Clint Eastwood não quer impressionar ninguém. Nem eu, nem você, nem a Academia. Absolutamente ninguém. E ele não precisa mesmo. Tudo o que ele quer, acho, é nos contar uma história. E isso ele vem fazendo sem surpresas em Menina de Ouro, A Troca e Gran Torino. Apenas para citar alguns.

E nessas histórias óbvias, Clint Eastwood nos lembra que a gente pode continuar tendo esperanças, que existem pessoas que lutam por justiça, por amor, pelos seus sonhos, por suas crenças. E é disso que a vida precisa, que a gente precisa. Ou que eu preciso. De histórias óbvias que nos inspirem.

21 fevereiro, 2009

Wish you were here

"So, so you think you can tell
Heaven from Hell,
Blue skies from pain.
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?

Did they get you to trade
Your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees?
Hot air for a cool breeze?
Cold comfort for change?
Did you exchange
A walk on part in the war,
For a lead role in a cage?

How I wish, how I wish you were here.
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl,
Year after year,
Running over the same old ground.
What have we found
The same old fears.
Wish you were here".

(para meu pai, que era fã de Pink Floyd, que, por sua vez, é banda de pai).

01 fevereiro, 2009

Mariana Baraj

Na última quarta-feira (28), fui ao show de encerramento da Oficina de Música de Curitiba. O concerto era da banda América Contemporânea, que reúne músicos de vários países da América do Sul. Um propósito muito bacana, diga-se de passagem.

Confesso que fui mais para ver o Siba, único músico que conhecia da banda (desculpem minha ignorância musical). E, para surpresa de todos os presentes, eis que havia uma convidada especial: a cantora e percusionista Mariana Baraj, da Argentina. Dona de uma bela, bela voz.


A foto está ruim...sentada em sem flash fica difícil de acertar.

Pena que não comprei o CD dela. Mas dá para ouvir suas músicas no Myspace, no LastFM, no Youtube...

Virei fã.

16 janeiro, 2009

Fabuloso.

Eu tenho uma nova heroína.

Leola.

Há alguns dias, estou ensaiando uma resenha do livro Historia del Rey Transparente, da Rosa Montero. Mas as palavras insistem em ficar presas no meio do caminho entre minha mente e meu coração. Tenho tanto para dizer. São tantas as palavras e frases já prontas. Mas não consigo escrever. Vivo o mais forte bloqueio de todos. É angustiante. Imaginem, as palavras estão todas aqui, como se diz, na ponta da língua. E não saem. Não adianta. É o mais próximo que viverei, espero, da experiência da mudez.

Faz uns três dias que terminei de ler Historia del Rey Transparente (sim, bem me lembro; enquanto milhões de brasileiros assistiam ao primeiro dia do BBB 9, eu estava mergulhada nas últimas páginas do querido livro). Quando terminei, desabei em lágrimas. Parecia que eu tinha recebido uma notícia ruim. Mas era emoção. Era uma experiência que eu tinha terminado. Um aprendizado. Lições para vida toda.

Não quero contar a história da Historia del Rey Transparente. Limito-me a dizer que se trata de uma aventura da protagonista, Leola, e de pessoas que vão entrando na sua vida durante um tempo em que ser diferente era ser condenado. O resto é para ser lido e vivido. Porque Historia del Rey Transparente é desses livros que você vive, que você sente.

Historia del Rey Transparente é uma grande poesia.

Historia del Rey Transparente é para fazer você ter vergonha de todos os medos e de todas as futilidades que você possui por um minutinho sequer.

Historia del Rey Transparente é Leola e todos nós somos um pouco Leola.

Historia del Rey Transparente é amor, é coragem, é beleza; é pra gente perceber que a vida é essa que vivemos todos os dias, e não aquela que sempre está por vir.

“Esperanza: pequeña luz que se enciende en la oscuridad del miedo y la derrota, haciéndonos creer que hay una salida.”

É fabuloso.

***

E, por falar em fabuloso, estou aqui também: http://carlacursino.tumblr.com/ .