27 julho, 2008

(Correndo o risco de parecer soberba)

Precisei ler 33 páginas de Trópico de Cancêr, do Henry Miller, para entender que a geração beatnik já era - pelo menos para mim. Cansei desses autores americanos que viviam à base de drogas, bebidas e sexo. Não é bem o conteúdo que me incomoda, mas sim a forma em que ele é apresentado. Confesso que já li Bukowski e Kerouac e gostei deles. Mas tudo tem sua época. Isto nos é permitido. Assim como nos é permitido ter um integrante de boy band favorito, aprender coreografias das Britney Spears, gostar de Harry Potter (isso quando a gente tem uns 15 anos, mas nada contra quem faz isso até hoje).

Acho que fiquei assim porque terminei o volume II de O Retrato. Não se compara Erico Verríssimo a Henry Miller. Depois das 33 páginas de o Trópico de Cancêr, desisti. Desisti e abri Todos os Nomes, de José Saramago. E foram necessárias 30 páginas para lembrar o quanto Saramago é genial.

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Amanhã começa mais um semestre e não estou com vontade alguma de ir para a faculdade. Já comprei um caderno bonito, um estojo da Betty Boop e um bloco de anotações cor de rosa. Mas ainda não me animei. Amanhã é dia de acordar ao som de It's Getting Better e respirar fundo outra vez.

19 julho, 2008

Estão dizendo que o novo filme do Batman é muito bom. E, mais do que isso, dizem que o Heath Ledger é o melhor Coringa de todos os tempos. O próprio Jack Nicholson - também conhecido como o melhor ator do mundo e melhor Coringa até então - confirma. Ainda não assisti ao filme, mas se especula que o papel do vilão levou o ator à morte.


Por falar em morte, estou pasma com a morte da Dercy Gonçalves.

16 julho, 2008

O outro Pedro Juan

Quando o autor britânico Graham Greene escrevia suas obras na década de 50, talvez não imaginasse que mais de meio século depois outro escritor reescreveria seus passos - com um toque de ficção. Pois é extamente isso que o cubano Pedro Juan Gutiérrez faz em Nosso GG em Havana, seu mais recente livro lançado no Brasil. O livro não tem Pedro Juan como personagem, mas não abandona o estilo que tornou o cubano admirado no mundo todo.


Nosso GG em Havana se passa na capital de Cuba dos anos 50, até então uma cidade promissora - ainda que já convidativa ao pecado. A história começa quando Graham Greene descobre que é acusado pelo assassinato de um alemão residente em Havana. GG embarca para a ilha cubana com o objetivo de investigar e esclarecer a situação (e, quem sabe, conseguir uma boa idéia para um próximo livro). Aos poucos, se vê em uma trama política complicada, que envolve americanos, soviéticos e alemães.

Pedro Juan traça o perfil de Havana da década de 50 - momentos antes da Revolução Cubana de 59 - ao mesmo tempo em que mostra o que há de mais grotesco (e, por isso mesmo, sedutor para alguns) na cidade. Próximo de hotéis luxuosos, grandes casas noturnas com shows eróticos capazes de surpreender até os mais liberais. O que dizer da apresentação do Super-Homem, por exemplo? Horrível, nojento, mas escrito por Pedro Juan é até engraçado.

E esse é o encanto de Pedro Juan. Ele escreve umas putarias e umas nojeiras que, ainda que desnecessárias à primeira vista, são essenciais para se compreender o espírito de Havana. E a maneira sincera demais, direta demais - e sem censura alguma - só contribui em sua literatura. Ele mostra a capital cubana tal como ela é. Os julgamentos ficam por conta do leitor.

Interessante lembrar que Graham Greene realmente esteve em Cuba e, em 1958, publicou Nosso Homem em Havana, que narra a história de um alemão vendedor de aspirador de pó, extamente como um dos personagens do livro de Pedro Juan.

Nosso GG em Havana difere das outras obras de Pedro Juan, mas é engraçado, dinâmico e dono de uma trama envolvente. E é como olhar um retrato de uma cidade que, ao contrário do que parecia, já estava condenada às conseqüências da Revolução.

Fica a dica.

06 julho, 2008

Sobre a literatura e o cinema de cada dia

Três já foram. Faltam apenas quatro. Bastante, mas estou firme no meu propósito de ler O Tempo e o Vento neste ano. E que livro lindo. Como o Erico Veríssimo sabia escrever. Além da narrativa extraordinária, que prende o leitor da primeira à última página, acho impressionante como ele constrói cada personagem ao mesmo tempo em que traça a história do Rio Grande do Sul. A força da Ana Terra - minha heroína da literatura - , a paciência da Bibiana, o espírito aventureiro de um certo Capitão Rodrigo, a dualidade do caráter de Rodrigo Terra Cambará. Isso para falar apenas de algumas das personagens principais. E o que dizer do velho Fandango e de Don Pepe? Dão um toque especial ao livro. Enfim, leiam O Tempo e o Vento. Recomendo, recomendo, recomendo. Ah, na década de 80, a Globo fez uma minissérie sobre o livro. Acho que faz uns dois anos que o DVD foi lançado. E não está caro. Acho que vou comprá-lo.


Estou terminando O último voo do flamingo, do Mia Couto (voo assim mesmo, sem acento de chapeuzinho do vovô, já que está em português de Moçambique). É sempre bom ler Mia Couto. Não me lembro de ter lido um autor que mistura crítica à política de um país, humor e tom poético.
Na última quinta-feira, fui ao cinema assistir Wall-E. É o melhor filme de animação que eu já vi. A história é tocante - e faz uma séria crítica às conseqüências trazidas pela tecnologia - , as personagens são cativantes. Achei um máximo todos os parelelos traçados com o 2001 - uma odisséia no espaço! Ah, o que dizer de um filme que faz uma barata ser bonitinha e que o final, digo, a parte dos créditos, é o mais bem feito de todos os tempos? E vejam que olhinhos mais expressivos.

02 julho, 2008

O que não pode florir no tempo certo
acaba explodindo depois.
(de O último voo do flamingo)