29 setembro, 2008


Aos dezessete anos, eu já havia lido muita coisa interessante, mas não havia lido Machado de Assis. Um parênteses: já havia lido Esaú e Jacó para a escola, mas não tinha maturidade literária o suficiente. Até que um dia, como quem adentra em um mundo de aventuras, resolvi ler Memórias Póstumas de Brás Cubas. Um livro incrível, com uma narrativa diferente até então do que eu já havia lido, personagens memoráveis, um Rio de Janeiro longe de ser a Cidade Maravilhosa, mas ainda muito atual. Todo o cinismo, a ironia e o sarcasmo das memórias de Brás Cubas, que escreveu: "Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembranças estas Memórias Póstumas". Mais do que esta, lembro-me do impacto que me causou a sinceridade nua e crua em:

"Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis".

Até hoje, para mim, essa é a frase mais marcante da literatura brasileira de todos os tempos.

Aí, veio o Quincas e aquela vontade de gritar "seu burro, seu burro!" misturada a um sentimento de pena por um homem ingênuo e apaixonado. Claro, sem esquecer das reflexões sobre "Ao vencedor, as batatas". E depois, o Dom Casmurro e aquela dúvida cruel - Capitu traiu ou não traiu Bentinho? (Hoje, vi uma matéria no Bom Dia, Brasil, na qual a Fernanda Montenegro dizia que o Bentinho sentia ciúme do Escobar, e não da Capitu. Será?).

Sem falar nos contos, nas crônicas, nos poemas, ensaios, criticas, peças...


E viva Machado!

25 setembro, 2008


Hoje nada vai me aborrecer. Não vou ficar chateada por ter acordado às 5 da manhã e começado a trabalhar às 6h15. O frio intenso dessa cidade não me aborrece. Nem a garoa fina e gelada mexe com meus nervos. Não. Hoje eu poderia ter cruzado com milhares de pessoas mal educadas - nenhuma delas me revoltaria. Os latidos dos poodles e as crianças incovenientes não me incomodaram. Nem mesmo o trânsito pesado das seis da tarde me tirou do sério. Não, hoje não.

Hoje, o que mais marcou foram as palavras bonitas que li/ouvi de outros autores. E há dias em que aquelas certezas de sempre parecem valer mais, muito mais. Hoje meus sentimentos não cabem em mim. Estou menor do que o usual diante de tudo o que sinto.

Menina, a felicidade é cheia de praça, é cheia de traça, é cheia de lata, é cheia de graça.

Eu sei o que é serenidade.

17 setembro, 2008

***

Eu não sabia explicar nós dois
Hoje eu sei, hoje eu sei
Eu e ele
Ele e eu
Somos apenas um
[e somos sempre dois, os dois]
Somos amor
Hoje eu sei, hoje eu sei...

14 setembro, 2008

Ontem estava um dia frio e chuvoso em Curitiba, daqueles que pedem que a gente não coloque o nariz para fora de casa. Mas vencemos a preguiça, Yuri e eu, e fomos ao cinema assistir ao tão aguardado Ensaio Sobre a Cegueira.


Confesso que fui um pouco desconfiada, já que a crítica falou mal, bem mal do filme. Estava com medo de ver uma adaptação ruim de um grande livro, tal qual aconteceu com o longa O Amor nos Tempos do Cólera. Porém, logo nos primeiros minutos de filme, a gente lembra que críticos são um bando de mal humorados. O filme é muito bom, bem fiel ao romance de José Saramago. Meirelles, diretor de O Ensaio sobre a Cegueira, conseguiu muito bem passar o clima de desespero e agonia do livro.

Não vou fazer aqui uma resenha sobre o filme porque tenho que ir ali estudar para a prova de Metodologia. Quando puderem, confiram o filme. Vale a pena.