29 setembro, 2008


Aos dezessete anos, eu já havia lido muita coisa interessante, mas não havia lido Machado de Assis. Um parênteses: já havia lido Esaú e Jacó para a escola, mas não tinha maturidade literária o suficiente. Até que um dia, como quem adentra em um mundo de aventuras, resolvi ler Memórias Póstumas de Brás Cubas. Um livro incrível, com uma narrativa diferente até então do que eu já havia lido, personagens memoráveis, um Rio de Janeiro longe de ser a Cidade Maravilhosa, mas ainda muito atual. Todo o cinismo, a ironia e o sarcasmo das memórias de Brás Cubas, que escreveu: "Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembranças estas Memórias Póstumas". Mais do que esta, lembro-me do impacto que me causou a sinceridade nua e crua em:

"Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis".

Até hoje, para mim, essa é a frase mais marcante da literatura brasileira de todos os tempos.

Aí, veio o Quincas e aquela vontade de gritar "seu burro, seu burro!" misturada a um sentimento de pena por um homem ingênuo e apaixonado. Claro, sem esquecer das reflexões sobre "Ao vencedor, as batatas". E depois, o Dom Casmurro e aquela dúvida cruel - Capitu traiu ou não traiu Bentinho? (Hoje, vi uma matéria no Bom Dia, Brasil, na qual a Fernanda Montenegro dizia que o Bentinho sentia ciúme do Escobar, e não da Capitu. Será?).

Sem falar nos contos, nas crônicas, nos poemas, ensaios, criticas, peças...


E viva Machado!

2 comentários:

Yuri A. disse...

Machado está na pilha, pronto para ser devorado como um verme devora as frias carnes de um cadáver (o que ele agora, de fato, é)!
Beijo querida!

Daniela Filipini disse...

Gooostei do post.
Até hoje não li nenhum desses livros, mas pretendo (: