02 outubro, 2008

Apenas para registrar...

- Falaste há pouco em ser autêntico ou inautêntico...Pois estou convencido de que a maior pedra de tropeço que tenho encontrado na minha busca de autenticidade é o desejo de ser aceito, querido, aprovado, e que quase me levou a um conformismo estúpido, uma inclinação que me vem da infância e que acabou entrando em conflito com outra obsessão minha não menos intensa: a de ser completamente livre. São ou não são desejos completamente contraditórios?

Roque Bandeira dá de ombros.

- Meu velho, na minha opinião, amadurecer é aceitar sem alarme nem desespero essas contradições, essas...condições de discórdias que nascem do mero fato de estarmos vivos. Não escolhemos o corpo que temos (olha só o meu) nem a hora ou a sociedade ou o lugar em que nascemos...nem nossos pais. Essas coisas todas nos foram impingidas, digamos assim, de maneira irreversível. O homem verdadeiramente maduro procura vê-las com lucidez e aceitar a responsabilidade de sua própria existência dentro dessas condições temporais, espaciais, sociológicas, psicológicas e biológicas. Que tal? Muito confuso?

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Trecho de O Tempo e o Vento (parte III), O Arquipélago (vol.2). Agora falta um livro e meio praticamente.

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