20 maio, 2008

Papai tinha razão


Hoje, Abbey Road é o melhor disco dos Beatles. Hoje.
Talvez, amanhã seja outro.

13 maio, 2008

Três versos para a insegurança

Se eu me anulo?
Não.
Acho o brilho do coadjuvante extremamente lindo.

11 maio, 2008

Sobre o Frusciante

Sabe, antes de ter este blog, eu usava aquela space live do MSN. Estava lendo as besteiras que postei por lá e encontrei um texto bonito sobre o John Frusciante.

"Lembro de ter lido em algum livro de filosofia, já não me lembro qual, a seguinte anedota: o mestre budista pergunta para seu discípulo o que deve fazer o Iluminado quando recebe uma paulada na cabeça. O discípulo diz: 'não deve se abalar, deve suportar a dor, calar o grito que quer lhe fugir da garganta, resignar-se ao seu destino, aceitar o sofrimento que é inerente à existência humana'. O mestre discorda: 'Mas não, ficar reprimindo a expressão do sofrimento não é aceitá-lo. O Iluminado, quando recebe uma paulada, faz isso - berra de dor! Aceitar a vida como ela é significa aceitar o sofrimento, aceitar a nossa vontade de protestar contra ele, gritar de dor quando sentimos dor'.

Frusciante me deu uma lição parecida. Não conseguimos ser felizes porque fingimos ser alegres o tempo inteiro e andamos pelo mundo com um sorriso falso na cara. Não ousamos botar para fora todos os maus sentimentos que, por ficarem no interior, meio reprimidos e inexpressados, nos bloqueiam o caminho para uma felicidade mais verdadeira, para uma existência mais genuína. Expressar é exteriorizar. Aquela que só exterioriza alegria e clarões deixa dentro de si justamente aquilo que deveria ser lançado fora. Não sei se sei me explicar bem. Mas acho que está aí a chave para entender o porquê a arte de Frusciante é tão fascinante e pode ser tão importante, existencialmente falando".

(Eduardo Carli de Morais)

Bonito mesmo. Sei que o John "década de 90"era mais criativo e melhor guitarrista. E sei também que o John de hoje nem parece o de dez anos atrás. Mas prefiro o atual justamente pelas razões apresentadas pelo autor acima. No fim, a técnica é a parte menos importante da arte. O que realmente importa são as emoções que um artista desperta em seu público. E o Frusciante é bem melhor nisso hoje.

03 maio, 2008

Divulgando a arte alheia

(Yuri Al'Hanati)
(para ler ao som de Good Fortune, PJ Harvey)

De repente, mas sem um minuto de atraso, o cinza se tornou todas as cores. As lágrimas agora são mais de felicidade do que de tristeza. Sim, isso é possível. Me emociono com os comerciais de televisão, com crianças e cachorros e com a mais bela das canções. Isso soa piegas, eu sei. Mas aprendi com Vargas Llosa e seu Travessuras da menina má que o piegas realmente acontece. E a gente se torna brega. E as músicas bregas se tornam lindas. Bem, antes brega do que amargo, culpando o mundo e a vida pela incapacidade de se fazer feliz.

Todos os dias, acordo ao som de It's getting better, dos Beatles. E eu mudei para melhor. Gosto de andar pelo calçadão de mãos dadas. E poucos momentos são tão bons quanto ficar jogando papo fora durante as madrugadas, que agora estão mais frias lá fora. Aprendi muitas coisas - uma das vantagens de uma convivência diária.

Muitas vezes, no ônibus, me pego com um sorriso nos lábios. E me sinto boba, a mais feliz das mulheres. Parece que todas as músicas felizes foram feitas para mim. Para nós. Eu sinto muito por quem não tem, no momento, a mesma chance.

Quero acreditar que o mundo ainda tem jeito. Quero ser uma pessoa melhor. Quero continuar sonhando. Quero continuar dizendo que joguei minha má sorte do topo de um prédio. Ela nunca mais voltará. Nem os meus fantasmas irão me assombrar, não importa quão escura seja a noite. Quero acordar ouvindo Beatles e com o mais belo sorriso ao meu lado.

O amor.