A essência ainda é a mesma, mas ela, ela não. Ela não tem mais os cabelos longos. Não mais pinta as unhas. Quase não usa mais maquiagem. A vaidade permanece, mas desta vez, para ela mesma. Ela é para ela mesma. Não mais para os outros.
Agora ela usa óculos. Ela abandonou o salto alto. Ainda bebe café, mas também se entrega ao leite e à coca-light. Ela sente menos medo e mais confiança. Agora ela ouve músicas felizes. Ela sabe escolher amigos. Aprendeu a dizer o que pensa. Defende-se e parte para a briga.
Mais do que nunca, ela quer ser jornalista. Está a um passo. Não há pressa porque há uma vida toda. Ela sabe esperar. Ela quer ler todos os livros, ver todos os filmes, ir a todos os shows. Ela quer escutar Beatles, PJ Harvey e o violão do namorado. Mais do que nunca, ela quer viver.
Ela sabe exatamente do que (e de quem) gosta e o que (e quem) odeia.
Outro dia, ela leu isso:
"O primeiro que parou para pensar foi Cosme. Percebeu que, a vegetação sendo tão densa, ele podia deslocar-se muitas milhas pulando de um ramo para o outro, sem nunca descer. Às vezes, um pedaço de terra nua o obrigava a enormes voltas, mas ele logo aprendeu todos os itinerários obrigatórios e media todas as distâncias não mais segundo nossos parâmetros, mas tendo em mente os traçados sinuosos que devia seguir sobre os ramos. E, onde nem com um salto se atingia o galho mais próximo, passou a usar a astúcia; mas contarei isso mais adiante. Por enquanto, estamos ainda na madrugada em que, ao acordar, encontrou-se no alto de um carvalho ílex, entre a algazarra dos pardais, encharcado de orvalho frio, inteiriçado, ossos moídos, cãibras nos braços e nas pernas, e feliz começou a explorar o novo mundo".
E entendeu que ela foi conhecer o mundo. De mãos dadas.
Agora ela usa óculos. Ela abandonou o salto alto. Ainda bebe café, mas também se entrega ao leite e à coca-light. Ela sente menos medo e mais confiança. Agora ela ouve músicas felizes. Ela sabe escolher amigos. Aprendeu a dizer o que pensa. Defende-se e parte para a briga.
Mais do que nunca, ela quer ser jornalista. Está a um passo. Não há pressa porque há uma vida toda. Ela sabe esperar. Ela quer ler todos os livros, ver todos os filmes, ir a todos os shows. Ela quer escutar Beatles, PJ Harvey e o violão do namorado. Mais do que nunca, ela quer viver.
Ela sabe exatamente do que (e de quem) gosta e o que (e quem) odeia.
Outro dia, ela leu isso:
"O primeiro que parou para pensar foi Cosme. Percebeu que, a vegetação sendo tão densa, ele podia deslocar-se muitas milhas pulando de um ramo para o outro, sem nunca descer. Às vezes, um pedaço de terra nua o obrigava a enormes voltas, mas ele logo aprendeu todos os itinerários obrigatórios e media todas as distâncias não mais segundo nossos parâmetros, mas tendo em mente os traçados sinuosos que devia seguir sobre os ramos. E, onde nem com um salto se atingia o galho mais próximo, passou a usar a astúcia; mas contarei isso mais adiante. Por enquanto, estamos ainda na madrugada em que, ao acordar, encontrou-se no alto de um carvalho ílex, entre a algazarra dos pardais, encharcado de orvalho frio, inteiriçado, ossos moídos, cãibras nos braços e nas pernas, e feliz começou a explorar o novo mundo".
E entendeu que ela foi conhecer o mundo. De mãos dadas.
4 comentários:
Ver todos os filmes e ler todos os livros é MISTER para a vida. E parafraseando já não sem tempo um filme não exatamente muito poético, two against the world, baby!
Te amo!
Huuum... fazia tempo que não lia teu blog. Pelo visto, ainda não perdeu a mão com a escrita ;)
bjos
você deve ser a única mulher do mundo que ficou ainda mais linda quando parou de usar maquiagem, começou a usar óculos e largou os sapatos de salto alto.
mas ficou mesmo, ficou sim.
sinto saudades de você :/
concordo com a cami. :)
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